Odisseia pela Clima: teatro de rua em Telheiras

No domingo (26 de maio), fui participar de um percurso performativo que tem como participantes os moradores do bairro de Telheiras (Lisboa, Portugal). O teatro de rua, que está inserido no Festival de Telheiras, tem cinco paragens nas quais o público tem a oportunidade de assistir a curtos espetáculos sobre a visão que os habitantes do bairro têm sobre a temática das Alterações Climáticas. As visões pessimistas e otimistas, eu diria, se equilibram durante o percurso e, ao final, prevalece a mensagem de esperança e de que a contribuição individual é muito importante.

A primeira parada do percurso trouxe o movimento corporal para expressar como o mundo natural está a diminuir e as florestas a acabar.

A segunda é um diálogo entre dois habitantes do bairro sobre as cheias em Lisboa de 1967 que deixaram muitos mortos e o testemunho de como o episódio impactou a vida das pessoas.

O terceiro curto espetáculo é o monólogo – Eu sou a mudança que quero ver no mundo! – acompanhando de uma dança pela natureza. O habitante de Telheiras faz um apelo ao poder individual de transformação. Diz o morador-ator: “primeiro são os passos pequeninos, depois vem os mais largos”. E, durante sua fala, ele lista muitos exemplos dos passos pequenos e dos passos largos que cada um de nós pode adotar. O mais crucial é consumir menos e deixarmos de lado o luxo a que ainda estamos apegado. Esta é a mensagem final do morador.

A quarta paragem do percurso performático é a dança acompanhada de projeção de slides em forma de títulos curtos com fundo branco. Os atores (moradores do bairro) demonstram que a opção pela extinção (auto – extinção) pode estar a ocorrer sem que nos demos conta. A cena final é a extinção da espécie humana.

O último curto espetáculo tem a participação de todo o público.

Sentados em círculo, numa roda com instrumentos musicais de precursão à sua frente, cada um é chamado a escolher um instrumento e participar da construção de sons coletivos conduzidos por um percursionista que nos ajuda a sentir boas vibrações para mudanças.

Depois da banda improvisada, somos convidados ao plantio de três árvores ao pé do parque onde o percurso performático se realiza: uma figueira, uma oliveira e um pinheiro. O morador de Telheiras lembra sobre o compromisso de regar as árvores e a associação em ver algo acontecer no local em que mora, é o principal.

Odisseia pela Clima foi desenvolvida durante três meses no âmbito do projeto de investigação ART For Adaptation e apoiou-se num processo interactivo de sessões de arte-&-ciência sobre alterações climáticas. O objetivo é contribuir para o empenho dos participantes e do público nas questões sobre o clima.

O texto e as fotos do post são da editora Mônica Prado.