Cerrado e nenhuma identificação da paisagem

Por dois sábados seguidos, estive trilhando na Floresta Nacional de Brasília (Flona). Fiz 6 km na Trilha do Jatobá e 12 km na Trilha do Pequi. O trabalho de formatação e de sinalização das trilhas realizado pelo Grupo de Caminhadas de Brasília (GCB) junto com o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) é muito significativa, com marcação em cores e a direção do pé e o acesso ou não da trilha para bikes.

As fotos são de integrantes do grupo Calango & Caliandras com quem fiz as trilhas.

O colega é Marcelo Maia, condutor da caminhada.

 

Cada uma das trilhas me trouxe vivências e percepções diferenciadas. No entanto, senti mesmo falta de saber o que via enquanto caminhava por 5 horas.

O que eu estava observando na paisagem do cerrado? O que o cerrado estava me provendo como serviço ecossistêmico cultural para meu encanto e contemplação?

Não sei. Saí tão ignorante sobre a flora do cerrado pela qual eu estava caminhando tanto quanto entrei. Enquanto caminhava me lembrei do trabalho acadêmico Caixa Surpresa do Cerrado que um grupo de alunos está desesenvolvendo após terem detectado por pesquisas que as pessoas apreciam pouco o cerrado porque não conseguem identificar o que há nele.

Esse incômodo me fez ter uma conversa razoalmente longa com o condutor de fechamento da trilha,  Gustavo (apelido Thor). Apontei a necessidade de apreciar o cerrado e compreender a beleza diferenciada que ele pode nos proporciar se começamos a identificar o que vemos.

As duas trilhas (Jatobá e Pequi) se juntam no trecho final, mas os trechos iniciais nos levam a paisagens e cores muito diferentes ao longo do caminho. Uma com mais eucalipto (planta exótica ao cerrado) e outra com as penugens rasteiras.

Na linha do horizonte, avistei um platô e árvores de flores arroxeadas.

O que vi?, ignoro! Será que pude apreciar mimosa, lobeira, canela-de-ema, quaresmeira? Vi algumas borboletas, cupinzeiros e teias de aranha, da mesma família, será? Não sei! Vimos também uma cobra e um riacho.

Deixei com Thor a ideia de o Grupo Calangos (grupo de trilha com quem caminhei pela Flona) produzir uma comunicação ambiental com placas de identificação de paisagem em trechos das trilhas de modo que o caminhante possa ir se educando e tomando gosto pela beleza diferenciada do cerrado. Isto poderia resultar num projeto em parceria com a administração da Flona/ICMBio e com recursos de editais culturais e/ou de pesquisa.

Fica aqui o registro da ideia! O CGB marcou o caminho, o Calangos podia marcar a paisagem! 😀🌼

Quarta dose e a covid que não dá trégua!

Estou com a quarta dose da vacina contra covid-19 assinalada no cartão de vacinação. Esta será uma prática anual assim como a vacina contra a Influenza, também já tomada. Desta vez não teve foto, como na primeira dose, que rendeu crônica aqui no Entre Cá.

Captura de Tela do DCM – Jacaré feliz com a vacina Crédito: Gilmar Machado

Não teve também, drive-thru para a segunda dose no final da tarde ou posto de domingo com música para a terceira dose. Não teve nada nada de longa espera ou fila como nas anteriores. Cheguei ao posto de saúde do bairro onde moro e logo fui atendida. Entrei e saí em menos de 10 minutos. Também não tive efeito colateral, apenas o braço esquerdo meio dolorido e pesado. Ainda que com as doses da vacina, não tiro a máscara, ela é elemento de autoproteção.

Estamos observando o número de casos confirmados aumentar mesmo que os números talvez sejam menores do que se apresentem na realidade. Pode estar acontecendo uma subnotificação pois o autoteste que as pessoas compram nas farmácias e que, se positivo, mas de sintomas leves, permite que elas mesmas tomem os autocuidados necessários sem ir a um posto de saúde para a notificação oficial de que contraiu a doença.

E a covid-19 não dá trégua! O vírus SARS-CoV-2 se instalou entre nós humanos e com ele vamos conviver. O nível de transmissão oscila e o Número de Reprodução Efetivo (Rt) não se apresenta constante menor que 1 conforme observamos no gráfico apresentado na  Plataforma JF Salvando Todos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia pode ser considerada sob controle quando o Rt é menor que 1, persistentemente, por duas semanas seguidas.

Tenho acompanhado a evolução da pandemia desde o início e a partir de 29 de março de 2020, de modo mais direto, junto com demais pesquisadores e estudantes em função do desenvolvimento da Plataforma. A experiência na JF evidencia como estão interligados o uso de máscara, o distanciamento social e a vacinação, evitando a perda de vidas e a hospitalização. Também aponta o quão potente é a pesquisa científica oriunda dos laboratórios farmacêuticos e seus esforços de produzir não só vacinas, mas medicamentos e testes. No Boletim Informativo, editado quinzenalmente, temos um bloco destinado a divulgar as boas notícias e muitas delas são sobre os avanços em pesquisa & desenvolvimento e inovação tecnológica que permitiu a rápida chegada de imunizantes para a população ainda que, no Brasil, a demora é mais por conta da estratégia política de negar a pandemia e a necessidade de medidas sanitárias por parte do governo federal do que pela ausência de insumos no mundo.

Vacina todo ano e máscara diariamente são as novas rotinas em minha vida. A vacina recebo gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde), como cidadã brasileira, e as máscaras eu compro na farmácia. Incluí esse valor junto com álcool em gel no orçamento doméstico, já apertado por conta da inflação que não pára de surpreender. Haja jogo de cintura!